segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Aveiro tem maior número de infectados com VIH da região Centro

“Densidade populacional elevada e largas zonas marítima e de embarque” podem ajudar a explicar a incidência

A cidade de Aveiro é a que mais incidência regista de notificações de Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH-SIDA) na região Centro. No Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, que está a ser hoje assinalado no Hospital Infante D. Pedro de Aveiro, a revelação parte de Célia Oliveira, chefe da Unidade de Infecciologia da unidade aveirense, que adianta igualmente alguns factores que ajudam a explicar o fenómeno: “Aveiro tem uma grande densidade populacional, largas zonas marítima e de embarque, e isso pode ajudar a explicar esta incidência mais elevada”.
Para lembrar a efeméride, o hospital leva a efeito uma série de iniciativas que pretendem marcar a data e quem o visite. O objectivo, explica Célia Oliveira, “é transmitir a mensagem de que a infecção pelo VIH existe e não está limitada aos chamados grupos de risco”. É importante dizer, sustenta, “que qualquer pessoa está sujeita a contrair a doença desde que tenha comportamentos de risco”.
Segundo dados do Hospital de Aveiro, este ano, começaram a ser tratados 70 novos doentes com a infecção VIH. “Atendendo a que alguns podem estar a retomar o tratamento, pode haver entre 60 e 70 novos casos”, ressalva a técnica.
Os dados em Aveiro contrastam com a tendência de recuo no país, nos últimos anos. O que se verifica, analisa Célia Oliveira, “é que há uma ‘décalage’ entre o diagnóstico e a notificação da doença, por isso, é sempre preciso algum tempo antes de se confirmarem estes números”.
De resto, há fenómenos recentes que também se registam em Aveiro. “Os doentes seguidos na nossa consulta não são já de idades tão jovens como era usual há alguns anos atrás, é mais idosa”. Célia Oliveira procura uma explicação: “Tal acontece, eventualmente, porque a mensagem não passou”.

“Se estiver infectado, não faça de conta que não está”

Outra tendência nacional a encontrar eco em Aveiro tem a ver com o número crescente de casos registados entre a população heterossexual, “com origem nas relações não protegidas e de risco”. O que contrasta, por outro lado, com “a população homossexual, na qual a infecção está estabilizada, e dos toxicodependentes, que regista forte queda, o que tem a ver com as campanhas e com a sua mudança de hábitos, ou seja, passaram a inalar as drogas”.
“As tentações existem e carne é fraca”, admite Célia Oliveira, aconselhando quem tiver um relacionamento de risco a usar o preservativo. “Porque somos humanos e pode acontecer. Seja quem for o parceiro e por muito saudável que lhe possa parecer, use o preservativo”.
Por outro lado, “se estiver infectado, não faça de conta que não está”. A responsável pela unidade de infecciologia aveirense reforça que deve procurar cuidados médicos, “procure as equipas que estão cá para o ajudar, para fazer o seu trabalho, mas o doente tem que fazer a sua parte, isto é, vir às consultas e seguir as recomendações médicas”. Hoje, reforça, “a esperança vida de um infectado com a SIDA é muito longa”. Entre outros progressos registados no combate à doença, regista-se “o menor número de medicamentos mas mais potentes do que antigamente, com menos efeitos secundários”. “Tal como a diabetes, ou outras, a SIDA é uma doença crónica que pode ser controlada, sendo hoje a expectativa de vida de uma pessoa infectada idêntica à de uma pessoa não infectada”, sublinha.
Hoje, no Hospital de Aveiro vai ser possível encontrar cartazes alusivos ao dia, em colaboração com o Núcleo Distrital do Alto Comissariado de Luta Contra a Sida, que disponibilizou também panfletos e preservativos no sentido de chamar a atenção de quem se deslocar hoje ao hospital, desde os doentes, acompanhantes e visitas, para “a infecção pelo VIH que existe e como para qualquer doença, a prevenção é sempre muito mais eficaz que o tratamento e muito mais barata”, conclui Célia Oliveira.

LV

fonte: http://www.diarioaveiro.pt/

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