segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Crise obriga a suspender fabrico de telhas e tijolos

Fornos que são de laboração contínua desligados e trabalho limitado a tarefas de manutenção dos equipamentos fabris. É este o dia-a-dia nas principais fábricas de barro vermelho da região de Aveiro.

Pelo menos 13 empresas de telhas, tijolos e pavimentos - daquele que é um dos pólos do sector mais importantes do País - pararam mais tempo do que é habitual nesta altura do ano devido para poupar nas despesas de laboração e não acumular stocks.

Cerca de meio milhar de trabalhadores de fábricas nos concelhos de Aveiro, Estarreja, Águeda e Anadia foram mandados para casa de férias antes do Natal numa medida de contenção de custos que exclui, para já, anúncios de despedimentos, mas onde as restruturações começam a ser equacionadas.

As últimas semanas de 2008 evidenciaram quebras acentuadas nas encomendas que fontes do sector estimam que ronde os 20 %, muito por força da dificuldade do seu principal cliente, que é o sector da construção civil.

Vitor Silva, presidente da Associação da Indústria da Cerâmica da Região de Aveiro (CIBAVE), da qual fazem parte 14 empresas, afirma-se "muito pessimista com a conjuntura actual". A esmagadora maioria das empresas cerâmicas associadas permanecerá de porta fechada "até meados de Janeiro", adiando o regresso ao trabalho para além do que aconteceria "numa situação normal". Isto porque "o sector atravessa uma fase bastante crítica". As fábricas aproveitaram, assim, "para dar férias e parar a laboração", referiu o dirigente associativo e administrador da INACER, em Águeda. As paragens oscilam "entre 15 dias e as três semanas". O futuro próximo está condicionado aos sinais que chegarem de novas encomendas.

No entanto, as perspectivas para os próximos meses são más e admite-se já suspender a laboração durante a Páscoa. Quanto a despedimentos, para já, não há notícias mas a redução de custos também poderá abranger a massa laboral. "Não posso assegurar o que vai na casa de cada um, admito que possa acontecer se o cenário ficar mais negro", afirmou o presidente da CIBAVE.

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Construção e Madeiras do Centro estará "especialmente atento" às fábricas de barro vermelho nos primeiros dias deste ano.

"Tentaremos saber até que ponto as paragens foram normais ou se haverá algo mais em preparação", disse o dirigente sindical José Costa, ressalvando que "Aveiro não parece estar tão mal como outras localidades onde a cerâmica é forte", nomeadamente Leiria. Durante 2008, as notícias que foram chegando limitavam à não renovação de contratos a pessoal a termo certo.

A dirigente da CGTP que coordena este sector, Fátima Messias, reconhece que todo o sector da cerâmica está mal, mas sublinha que são as fábricas de barro vermelho e com fins decorativos que mais sofrem. Pelo contrário, a cerâmica técnica (tijolos refractários e sanitas por exemplo) tem revelado maior resistência à crise económica, adianta Fátima Messias. (Fonte)

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